quarta-feira, maio 18, 2005

Como ficar fã numa hora

A Naifa
14 de Maio
Centro Cultural de Belém


O concerto, a primeira de duas noites de final da digressão nacional, num Pequeno Auditório quase cheio, mesmo em noite de derby Benfica / Sporting, parecia feito apenas para uma pessoa, de tão intimista que era.
Era fácil deixar-se ir no mundo das “Canções Subterrâneas” e mergulhar nelas, com a guitarra portuguesa de Luís Varatojo a dar o mote, e a voz de Mitó a embalar. A presença em palco e o esforço interpretativo da vocalista é notável, ainda que não seja ostensiva.
O alinhamento das músicas seguia o do disco.
Começou com Luís Varatojo e a sua guitarra portuguesa, acompanhado de João Aguardela no baixo, essencial n’A Naifa. «Skipping», agora com Mitó em palco, que conta também com a entrada da bateria e programações de Vasco Vaz.
Passamos por «Queixas De Um Utente / Deus É A Nossa Mulher A Dias» ainda antes de Mitó se dirigir ao público a anunciar o primeiro single da banda, a «Música». E ainda houve muita música para dar. Uma versão de «Facas» de Manuel Alegre com um ritmo acelerado e cativante, a «Metereológica», e uma versão dos «Sentidos Pêsames» dos GNR, tudo isto acompanhado do grande sentido interpretativo já referido antes, que dava a cada música um ar único, como se a ouvíssemos pela primeira vez. Houve outro cover, o de «Alfama» dos Mler Ife Dada, que foi, talvez a melhor música da noite.
O «Bairro Velho» transportou o público para um “bairro por detrás da avenida nova”, com João Aguardela em contraluz, a lançar o fumo de um cigarro para o ar e Mitó de mão na anca, a completar a encenação. Houve ainda tempo para uma grande versão de «Os Milagres Acontecem», que antecedeu a outra candidata a melhor da noite, a «Tourada» de Fernando Tordo, que pôs o público todo de pé a bater palmas ao ritmo da música.
“O inteligente diz que a música acabou”, mas não foi bem assim.
A banda saiu de palco e deixou o auditório a pedir mais, coisa que cumpriram, com «Poema Com Domicílio / Questão Da Noite» e o encore de «Música» também elas com grande participação do público.
Foi um concerto à altura d’A Naifa, cada vez mais um projecto com futuro, e mais que isso, com passado.

http://www.anaifa.com/

domingo, maio 08, 2005

Os anos vão passando...e o povo costuma dizer que com a idade vêm a sabedoria, a serenidade e a paciência. Talvez seja verdade mas, por qualquer razão que ainda desconheço, parece que comigo, as coisas não se passam bem assim. Aliás, parece que os meus ódios de estimação, tudo aquilo que eu mais detesto naquilo que me rodeia, tendem a crescer, aguçando o meu desejo de os espezinhar.
Hoje, neste preciso momento, neste exacto segundo, aquilo que me percorre nas veias é o maior desprezo pela mesquinhez e mediocridade humanas, tomem a forma que tomarem, e em quaisquer das suas manifestações.
Estou farto, mas mesmo farto, de conviver com pessoas mesquinhas, com pessoas cujas preocupações não passam duma área de 10 metros quadrados, com centro nos seus umbigos. E para azar dos azares, nasci num país, que tendo algumas coisas boas, uma das suas coisas mais decadentes é essa mesquinhez e esse estranho orgulho em ser medíocre e viver orgulhosamente só. E ainda por cima pequeno mas com as manias das grandezas. Não há pachorra!
E no meu dia-a-dia, em sítios onde pensava que estivesse o paraíso, a paz, o silêncio no meio de todo esse barulho que azucrina os meus ouvidos, acabo por encontrar sementes de mesquinhez a florescerem e treparem pelas paredes.
Meus amigos, enquanto a mediocridade subsistir nas nossas vidas, aquilo que Deus plantou no mais puro do nosso ser, não florescerá. Enquanto as ervas daninhas povoarem o nosso coração, não haverá espaço, para o Amor, a Tolerância, a Paz e a Serenidade crescerem em abundância.
Que venha um fogo imenso dizimar todos esses males. Que fiquemos em cinzas. Porque delas nascerá vida e será uma Vida Nova, uma Vida Pura.
E que eu consiga conviver com tudo isto em paz...