quarta-feira, maio 31, 2006

O Código

Após tantos meses de blá blá, decidi finalmente ir ver qualquer coisa relativo ao Da Vinci Code. Optei pelo filme, pois Ron Howard dá-me mais garantias que Dan Brown.
Acabei por perceber o fascínio que temas como este podem criar nas pessoas, principalmente numa altura em que tudo à volta é previsível e incipiente.
Tenho a noção que o livro terá criado muito mais impacto que o filme. Parece-me até que o filme, apesar de todo o sucesso de bilheteira, passa ao lado das conversas de café, ao contrário do que aconteceu aquando da publicação do livro. E dá para perceber porquê. Àparte dos efeitos especiais, algumas inovações interessantes, e da personagem do monge albino, nada de mais nos traz o filme. Bem pelo contrário. Acaba por ser um filme pastilha, que não cria grande impacto. Creio até que Tom Hanks nunca será conhecido por ter participado no filme, nem Ron Howard como o seu realizador. Enfim, não é perda de tempo nem de dinheiro, mas não é imperdível.
Agora resta-me falar de toda a polémica à volta do Código. E a resposta à pergunta porquê tanto frenesim? Puro Marketing.
Primeiro, se há mina de ouro intemporal, ela chama-se Jesus. Jesus vende. Tudo o que tenha Jesus pelo meio vende. É fórmula certa de ganhar dinheiro sem grande esforço. Então acrescente-se teorias de conspiração, uma misturada de conceitos desconhecidos do comum dos mortais, trama policial e está feito! Milhões e milhões a cairem na conta bancária. Ah, e não esquecendo dizer que é baseado em factos verídicos...
Pessoalmente, tal não me incomoda assim tanto. Aliás se este livro teve algum condão foi o de revitalizar a figura de Jesus. Torná-la tema de conversa.
É certo que talvez seja golpe baixo usar Priorados, há muito desmascarados historicamente, como sociedades inquestionavelmente verdadeiras, desvirtuar Ordens há muito extintas, descontextualizar Evangelhos, ou alterar dados matemáticos e históricos, apenas para sustentar teorias de conspiração e vender mais uns milhões de cópias. Nem todas as pessoas têm acesso a informação como eu, e alguns afortunados que podem ter blogues. E por isso, depois temos excursões de pessoas a dobrarem-se em igrejas para ver se conseguem encontrar o sangue da freira morta pelo monge albino...
Era tão mais giro que Dan Brown tivesse dito que era apenas uma obra de ficção. Mas não... primeiro começou por dizer que o Santo Graal era de facto o que era transmitido no livro. Depois já não tão certo das suas convicções, que pelo menos as sociedades secretas, os monumentos, as personagens, os textos eram factos reais. Para, por fim afirmar que era tudo baseado em pressupostos...
Mas é como disse anteriormente, não vem mal nenhum ao mundo. Isto mexeu com as convicções das pessoas (terá mesmo mexido assim tanto?). E isso é sempre bom. Põe à prova fé, ideais. Abre caminho à transformação e mudança, se tiverem que existir.
E é como uma das personagens diz: acaba tudo por se confinar ao que acreditamos.
No seu tempo, Jesus não era fonte de unanimidade, mesmo entre aqueles que o acompanhavam. Bastava o facto de ele comer com os excluídos, para provocar turbilhão de ideias naqueles que o rodeavam. Após a sua crucificação (e ressurreição), a diversidade de fés e convicções à volta de Jesus era enorme. Por isso temos mais de 50 evangelhos, todos puxando a brasa à sua sardinha. Será que temos bem a noção disso? Noção da imensa diversidade dentro dos primeiros séculos de Cristianismo? Não creio.
E porque é que tal acontecia? Porque Jesus puxa pelo que de mais profundo e visceral nós temos. Mexe com o que somos, no que acreditamos, na nossa personalidade. E cada pessoa tem a sua forma de viver, respirar e pensar. Se ele vai tão ao fundo do nosso Ser, não podemos viver e pensar Jesus da mesma forma. Uns precisam de ver Jesus mais divino, outros mais humano. Uns celibatário, outros casado. E alguns, divino e humano.
Se não fosse assim, acham que o Código da Vinci teria tanto sucesso? Se todos fôssemos iguais, acham que as ideias escritas no livro, afectariam tanta gente?
Claro que não.
Porque Jesus é Universal. E o Univerdo é Diversidade. E Diversidade é Vida.
E esta linha é a minha convicção, fé e ideal: Jesus é Vida.
Acreditem na vossa Fé. Porque ela é tão verdadeira como a minha.